Il caimano, um filme sobre filmes

...ou de como, quando menos esperamos, abraçamos de novo a vida, os que não são caros e nos redescobrimos, criando e recriando. Na sequência final de "Otto e mezzo" é precisamente isto que vemos: a redescoberta e o abraçar da vida. Guido, o cineasta em crise, logo após o falhanço da conferência sobre o seu novo filme (com o consequente suicídio mental), imagina um filme completamente novo e começa a dirigi-lo. Porque aquilo que julgamos ser o fim, nunca o é verdadeiramente. E assim vem o carrossel da vida, com o tapete estendido e as portas abertas, sempre prontos a servir de cenário ao espectáculo circense a que aquela se resume. Como bónus temos a inesquecível pauta do mágico cúmplice de Fellini: Nino Rota.
Uma vez que hoje estreia "Il caimano", em jeito de aperitivo, eis um travelling "turístico" (e, porventura, moral) de Moretti. Afinal de contas, muito do seu Cinema é uma reflexão acutilante sobre a Itália contemporânea, uma espécie de travelling panorâmico sobre a sociedade que tão bem conhece (e não só, claro). Sa cosa stavo pensando, caro Moretti?
Até lá, eis uma pequena amostra - in casu, um excerto de "Liebe ist kälter als der Tod" - do mais do que aguardado ciclo integral dedicado a Rainer Werner Fassbinder, o homem com um débito lendário: um filme a cada cem dias (mais coisa, menos coisa).
...ainda por cima a um preço convidativo e num excelente estado, fiquei absolutamente rendido. Como se não bastasse, a livraria em si é simpática. Tal como o Cinema. Espera-se, pois, que esta renovação de imagem, com a consequente melhoria dos serviços oferecidos, seja um casamento perfeito. Para bem do King e dos cinemas, passe a expressão, alternativos que por lá costumam passar. O público agradece também.