sábado, dezembro 20

Lisboa. Aula Magna. Hora de almoço. Enquanto almoçava, ruminava nas hotas que tinha dado e que ia dar aos meus alunos. As minhas cogitações foram interrompidas pelo troar de um trompete e de um grupo de palhaços que animavam as hostes infantis que se iam acontanando à porta. Subitamente, lembrei-me que Fellini é que tinha razão: tudo isto é um grande circo.

domingo, dezembro 14

A queda


Tudo devia ser como o travelling inicial de La notte: uma queda abrupta, um voo picado que nos faz desembocar no sentimento mais íntimo, mais recalcado. Enquanto, simultaneamente, vemos o mundo reflectido no brilho dos nossos olhos, dissociando-nos da mansa acalmia com que gentil e estupidamente aceitamos as regras impingidas por terceiros. Caímos, estatelamo-nos e damos por nós a vaguear num deserto de sombras e corpos disformes e inertes, procurando algo que não sabemos muito bem o que é. A felicidade, talvez. Escondida na próxima esquina, no recanto de um edifício imponente ou de um casebre decrépito. Algures. Alhures. E continuamos a marcha, ainda combalidos pela queda que a consciência ditou.
A Wasted Blues, indirectamente, lembrou-me isso mesmo. Grato. Já iam uns tempos (quase dois anos) sem ver o filme. A edição é óptima.

segunda-feira, dezembro 8

Notas do quotidiano cinéfilo-domingueiro

Qual a probabilidade de, na senda de uma Sachertorte, esbarrar com Manoel de Oliveira, devidamente sentado numa cadeira no meio da Rua Anchieta, a preparar-se para filmar?

segunda-feira, dezembro 1

O Mundo tal qual como devia ser, devidamente filtrado, sereno, pacífico. Contemplativo. Ozu, pois claro.