Filmar literatura, escrever filmes
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Sabe-se que o Jazz (a par dos Blues) preenche o imaginário de muitos dos grandes cineastas: Clint Eastwood realizou "Bird", inspirado no lendário Charlie Parker, Scorsese assinou documentários sobre Blues, tal como Wim Wenders; Miles Davis assina a banda sonora de "Ascenseur pour l'échafaud" de Louis Malle, Herbie Hancock a de "Blowup", de Michelangelo Antonioni. Citando o título do tema do vídeo supra: "So what?" (como bónus, registe-se a participação do virtuosíssimo John Coltrane). A música é, talvez, a mais perfeita expressão da faceta intíma do Ser e, por isso mesmo, as palavras, o mais das vezes só atrapalham na ilustração dos sentimentos.
De qualquer modo, é sempre bom ver que, de arte étnica e menor, o Jazz acabou por ascender a produto (tendencialmente) para (pseudo)elites. Passou da América pobre para as salas de espectáculos. Atravessou o Atlântico e conquistou Paris. Boris Vian imortalizou-o em "L'écume des Jours" e o inevitável Jean-Luc Godard ofereceu-nos um "à bout de soufle" ao som de uma portentosa banda sonora jazz da autoria de Martial Solal. Resumindo: também o Jazz é Cinema.