Fellini, o Maestro Ilusionista
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Pensando em Fellini, somos invadidos, desde logo, por um adjectivo: "felliniano". Adjectivo que mais não é do que uma tentativa de aglutinar - por via de regra, de forma vaga - aspectos superficiais da sua obra: onirismo, estilo barroco, exibicionista, visonário, exagerado...
Em Fellini, tudo se centra numa qualquer aparição que procura sintetizar o espectáculo da realidade. É essa a pedra-de-toque do seu Mundo singular, sempre dotado de uma visão poética - o mais das vezes mágicas - conferindo uma aura de eternidade às suas personagens. Não envelhecem. São imaculadas. Etéreas. Sempre de molde a procurar expressar a concordância/simbiose com o meio que as envolve.
Mas é, também, um processo onde a sua obra é sempre algo in fieri. Que faz, que se vai fazendo, até ao momento em que vemos o todo. É um lento aglutinar de finas camadas, princípios abandonados e mundos paralelos. Uma sinfonia aparentemente repleta de notas falsas, mas que acaba por redundar em algo triunfal e completo. Que é per se.
Fellini, um ilusionista com a batuta de Maestro, mais do que um moralista, opta por ser um observados irónico do Mundo que capta. E esse Mundo mais não é do que a Vida. Com tudo o que tem de atroz e de belo. Em Fellini, o reduto do Cinema é a Vida. Sempre abraçada de modo sôfrego.
1 Comments:
Fellini está no meu top! Adoro o "Amarcord", mas o "8 1/2" é arrebatador... Abrx
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