Teorema
O Teorema de Pasolini é, provavelmente, insolúvel. O seu centro gravitacional é um misterioso Visitante sem nome que acabará por influenciar todos os habitantes de uma casa da alta burguesia milanesa, contribuindo para a sua lenta dissolução. Com efeito, este estranho visitante, símbolo do erotismo e, simultaneamente, ente envolto numa aura divina, mudará radicalmente a vida de todos através do contacto sexual. A mulher do industrial transformar-se-á numa ninfomaníaca; a filha será internada numa clínica; o filho terá de reconhecer a homossexualidade e passará a ser um artista; a criada beata transforma-se numa santa que produz milagres. O paterfamilias, rico industrial, enlouquece e doa a fábrica aos operários.
Pasolini desenha a lenta degradação de um Mundo. Um Mundo que, tal como o terreno que vamos vislumbrando ao longo do filme, se vai erodindo. É esse o deserto que o industrial Paolo irá pisar e é, também, o símbolo da aridez que impera na burguesia. Teorema é, pois, o filme dos símbolos, claramente identificados pelos espaços exíguos em que as personagens se movimentam: a escola, a fábrica e a cidade. Mais do que um espaço definido, Teorema oferece um espaço sugerido, fragmentado. Tal como a sua narrativa que, apesar de aparentemente transparente e directa, esconde fragmentos que apenas são ligados por um denominador comum: o Visitante.
O Visitante que, inicialmente ocupa um espaço físico e afectivo, dominando, seduzindo e conquistando, para fazer vingar o vazio após a sua saída. O Visitante funciona como catalizador, será a prova da ausência de identidade de todos aqueles que giram à sua volta. Tudo se resume a sublinhar o vazio, quer afectivo, quer moral, quer ideológico. Teorema ilustra um Mundo em crise, onde não há lugar para a comunicação. Apenas se contenta, tal como o livro homónimo de Pasolini, a oferecer dados a partir dos quais será enunciado este Teorema imperscrutável. As personagens, sem excepção, aparecem ilustradas das marcas típicas da sua classe. Com efeito, este é um filme inspirado pela visão marxista da História. Apesar disso, Pasolini, o poeta, prevalece, temperando essa visão inexorável através do recurso ao simbolismo e à alegoria.
Exceptuando a morte agónica da burguesia e do capitalismo, plasmados na loucura de Paolo e cristalizados no deserto para o qual caminhará nu, fica muito por revelar. Críptico, estimulante e problematizante, Teorema continua, ainda hoje, a obrigar-nos a sondar mistérios indecifráveis. Como certeza fica apenas uma visão de um Humanidade degradada. Pasolini demonstrou-o, pondo a nu as fragilidades da forma organizacional central de qualquer sociedade: a família. Desse modo, mais do que atacar uma classe, questionou toda uma ordem social.
Pasolini desenha a lenta degradação de um Mundo. Um Mundo que, tal como o terreno que vamos vislumbrando ao longo do filme, se vai erodindo. É esse o deserto que o industrial Paolo irá pisar e é, também, o símbolo da aridez que impera na burguesia. Teorema é, pois, o filme dos símbolos, claramente identificados pelos espaços exíguos em que as personagens se movimentam: a escola, a fábrica e a cidade. Mais do que um espaço definido, Teorema oferece um espaço sugerido, fragmentado. Tal como a sua narrativa que, apesar de aparentemente transparente e directa, esconde fragmentos que apenas são ligados por um denominador comum: o Visitante.
O Visitante que, inicialmente ocupa um espaço físico e afectivo, dominando, seduzindo e conquistando, para fazer vingar o vazio após a sua saída. O Visitante funciona como catalizador, será a prova da ausência de identidade de todos aqueles que giram à sua volta. Tudo se resume a sublinhar o vazio, quer afectivo, quer moral, quer ideológico. Teorema ilustra um Mundo em crise, onde não há lugar para a comunicação. Apenas se contenta, tal como o livro homónimo de Pasolini, a oferecer dados a partir dos quais será enunciado este Teorema imperscrutável. As personagens, sem excepção, aparecem ilustradas das marcas típicas da sua classe. Com efeito, este é um filme inspirado pela visão marxista da História. Apesar disso, Pasolini, o poeta, prevalece, temperando essa visão inexorável através do recurso ao simbolismo e à alegoria.
Exceptuando a morte agónica da burguesia e do capitalismo, plasmados na loucura de Paolo e cristalizados no deserto para o qual caminhará nu, fica muito por revelar. Críptico, estimulante e problematizante, Teorema continua, ainda hoje, a obrigar-nos a sondar mistérios indecifráveis. Como certeza fica apenas uma visão de um Humanidade degradada. Pasolini demonstrou-o, pondo a nu as fragilidades da forma organizacional central de qualquer sociedade: a família. Desse modo, mais do que atacar uma classe, questionou toda uma ordem social.
3 Comments:
Não vi ainda este Teorema, mas revi hoje mesmo o magnífico Edipo Re, do mesmo Pasolini. O autor propõe-nos uma interpretação curiosa e, acho eu, original da origem do mito: nada de oráculos, apenas um caso de ciume da rainha Jocasta.
Film très troublant...
Perturbador é pouco... sempre que pego no livro ou vejo o filme, o meu Universo mental é abalado
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