domingo, julho 27

Anacronismos

Por motivos vários, dei por mim a contemplar as minhas estantes: curiosamente, a maioria dos escritores e realizadores que as enchem e povoam este Universo já não andam por cá. Emana das minhas estantes um odor de saudade, um vazio profundo e um ligeiro cheiro a cemitério. São poucos os contemporâneos que merecem entrar nelas: Wes Anderson, Herzog, Wenders e Straub no que ao Cinema diz respeito (Jean-Luc e demais "turcos" vivos já estão no patamar de lendas vivas...), Alberto Pimenta, Maria Velho da Costa ou Lobo Antunes nas Letras. Definitivamente, não pertenço ao tempo que me rodeia: à velocidade vertiginosa informação dita "na hora", prefiro a reflexão pausada, pensada e ponderada. À facilidade da tecnologia, prefiro o prazer da reflexão.
É como os senhores que, por exemplo, primeiro teorizaram o Direito ou a Economia: como estavam muito próximos da realidade, descreviam-na na perfeição, sem adornos, sem verbos de encher. Com o Cinema e com a Literatura não é diferente: nada como os criadores de rupturas, os precursores, aqueles que, perante uma certa realidade, foram capazes de dominá-la e dar-lhe novas formas. Apenas graças ao génio. Sem efeitos especiais, sem ajudas da técnica ou de computadores. Ali, nos tempos pioneiros de Grifith ou nos estúdios disformes de Murnau, Lang ou Pabst, jogando com a câmara.
Definitivamente, não fui devidamente apresentado a este Mundo. Como diria o Matt, we're half awake in a fake empire.

quarta-feira, julho 9

Gostar de louras II

Versão lírico-utópica
(clicar na imagem sff)

Gostar de louras

Versão deificada

segunda-feira, julho 7

Coisas irritantes

Um lista não exaustiva, claro.
1 - "Críticos" que idolatram Hollywood de forma cega (o mesmo vale para os que apenas idolatram Cinema Europeu ou Asiático)
2 - Espectadores que, perante uma adaptação, se concentram mais nos pecadilhos da adaptação do que nos méritos do filme.
3 - Público que acredite piamente que os filmes de Manoel de Oliveira são uma seca descomunal e que digam que João César Monteiro não era um Cineasta. Pior, que em Portugal não se faz Cinema.
4 - Público que acha que o único grande realizador espanhol é Almodóvar ou, quando muito, Amenábar..
5 . Criaturas que julguem que na Alemanha não se faz Cinema e se fala uma língua esquisita, parecida a grunhidos intraduzíveis.
6 - Pedaços de criação que reduzem o Cinema japonês a samurais e filmes de artes marciais.
7 - Pedaços de criação que acreditem que em Itália só há western spaghetti e filmes de ideologia tendencialmente comunista/marxista/trotskista.
7 - Almas que achem que, na Índia, Cinema é sinónimo de Bollywood.
8 - Todos aqueles que achem que em França se tenta imitar Hollywood num típico acto de chauvinismo francês. Cinema, pelos vistos é coisa que não se faz por aquelas bandas e, geralmente, é uma grande estopada.
9 - Pipocas numa sala de Cinema e telemóveis a tocar durante a projecção de um filme.
Em suma, tenho uma pequena irritação com a generalidade do público português* e, em geral, com todos os aqueles que se divertem a lançar postas de pescada somando um-dois filmes no curriculum cinéfilo.
*sublinhe-se que este "retrato" é tirado por indução, na sequência de muita conversa com frequentadores de salas de Cinema. Não tem, pois, qualquer pretensão de correcção científica.