O senso comum de pudor e a marginalidade

Obras polémicas - aliás, basta referir, por exemplo, que Uma vida violenta foi alvo de processo judicial - mas que têm o condão de não enjeitar a crítica do boom económico italiano. Este estaria, na visão de Pasolini, na base da degração cultural e moral destas camadas da população. Simultaneamente, são, também uma forma de homenagem a uma cultura muito particular. É no meio dessa amoralidade que Pasolini erige a sua obra, inserindo (de forma provocatória) constantes referências cristãs. Talvez Pasolini
tenha, efectivamente, atentado contra a o senso comum de pudor italiano, mas ninguém lhe retirará o mérito de ter a dado a conhecer uma realidade ignota. Bem como de ter, desde logo, implantado uma das imagens de marca do seu cinema: o recurso a interpretações físicas, a par dos grandes planos das faces dos actores.

*Comprovando a lógica do eterno retorno, basta reparar que a pequena marginalidade tende a seduzir os cineastas mais recentes. Se os irmãos Dardenne privilegiam o realismo cru, autores como Pedro Costa ou Teresa Villaverde (com Os Mutantes à cabeça) não se coibem de retratar a vida das minorias e da marginalidade.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home