quarta-feira, outubro 11

Tarkovsky sobre o Cinema

O Cinema é uma arte infeliz porque depende do dinheiro. Não só porque um filme é muito dispendioso, mas também porque é comercializado, tal como os cigarros, et cetera. Mas, se o Cinema é uma arte, essa perspectiva é um absurdo: seria sinónimo de que a Arte é boa apenas se vender bem.
O filme para o grande público não pode ser poético. Alguns filmes foram vistos por milhões de pessoas, mas isto aconteceu nos primórdios do Cinema mudo, quando cada novo filme atraía a curiosidade das pessoas. Hoje é difícil surpreender o espectador e os bons filmes não são vistos pelas massas.

Convennhamos que dá que pensar...

8 Comments:

Blogger José Oliveira said...

se é um dos maiores poetas de todo o cinema - só comparavel com um Ozu, um Ford ou um Bresson, poética da trancendência - que o diz...quez sou eu para tentar vislumbrar o contrário...
é complexo, muito complexo, faz raccord com cocteau quando diz que o cinema só chegará ao estatuto de arte quando se puder fazer um filme somente com uma folha e um lápis (cito de memória)...mas também é "auto-irónico, com os filmes que estes homens fizeram o cinema só pode ser definitivamente uma arte...e um Tarkovsky ou um Bresson tão importantes como um Joyce, um Dostoievsky, um Stravinsky, um Picasso, etc...
mas lá que o dinheiro complica a coisa, lá isso...

10:56 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Mas, tal como a opinião de Tarkovskt quanto ao cinema, não é um pensar de todo feliz o que essa situação nos proporciona.

Abraço.

3:41 da tarde  
Blogger MPB said...

Não dá muito que pensar, é uma realidade crua e dura para quem quiser.
Hoje em dia a arte é dos maiores e mais rentaveis investimentos no mundo, e disso não há dúvida. Depois há casos em que a palavra arte e artístas é utilizada a torto e a direito, o que desde logo leva ao que muitos chamam DEMOCRATIZAÇÃO da arte, eu chamo BANALIZAÇÃO da arte. Porque hoje se vê um filme e se diz é fixe, ou se ouve uma musica e se diz é fixe? Talvez quando vissem a GUERNICA à frente dissessem o mesmo.... mas não o dizem. E não me venham com a treta de que a arte se paga caro, fica caro ir a um museu, porque em boa verdade é o mesmo preço que ir comprar um CD ou duas vezes ao cinema.
O que aqui está em causa é que a arte e em muito especial o cinema e a musica, são verdadeiros escravos comerciais. Democratização dirão alguns, eu digo banalização, se assim não é, porque chega a custar 40 euros comprar um DVD de SOLARIS de Tarkovsky? Ah, deve ser por ter planos mais longos??? Porque custam 80 euros as caixas de alguns mestres do cinema? Porque custam mais os grandes clássicos? DEMOCRATIZAÇÃO... o TANAS.

Fica aqui mais uma "farpa" ;)

Cumps

1:16 da manhã  
Blogger Hugo said...

Totalmente de acordo com os 3.

Joseo: o que acho incrível é ver a forma como artistas soviéticos ultrapassavam os problemas da censura para nos oferecer autênticas preciosidades. Criatividade e muito génio.

Tejo: nada, mas nada feliz...

Ne-to: por essas e por outras é que acabei por comprar DVD's pela net. Sai mais barato e as edições são bem melhores (experimenta ver a Master Series da Eureka! no CDWOW... :-) )

Vai outra "farpa" com o modo irónico ligado (não para ti, claro): os planos longos devem mesmo inflaccionar o preço das coisas. Nessa lógica, Transe, com os seus planos "demasiado longos" devia ter bilhetes por 10€ não?

Agora o exemplo de democratização: em Espanha, mesmo aqui ao lado, vendem-se pérolas do cinema por 10-11 €. É verdade que os extras são fraquinhos, mas convenhamos que ajuda a divulgar os grandes mestres. E que tal uma box Truffaut com 11 filmes por 50€? Em Espanha ela existe. E com as grandes obras lá compiladas. Aprendamos, pois, com quem sabe...

Abraço!

1:45 da manhã  
Blogger MPB said...

Sim, também ando a investigar a fundo o DVDGO, e não me admiro nada dos preços, é compreensível e grande parte deles acesíveis.
Parte um pouco pelo imposto, mas não é só, mas quando alguem me explicar porque pago 5% para ir ao cinema e 21 para comprar um DVD, talvez perceba mais alguma coisa.

Quanto à censura, a Censura normalmente é burra, e os radicalismos levavam-nos muitas vezes a procurar outros radicalismos, mas encontravam a subjectividade dos grandes autores. Subjectividade essa que so atinge algumas pessoas, nunca os radicais da censura.
E não continua a ser em parte assim? A censura agora é outra ;)

cumps

12:24 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

E que tal as primeiras linhas do cartaz do FANTAS 2007? Retrospectiva dos Clássicos do Cinema Russo com especial destaque para Tarkovski. Maravilha!

8:37 da tarde  
Blogger Hugo said...

O Dorminsky está de parabéns! Excelente ideia :-)

11:51 da tarde  
Blogger MPB said...

É o que vale ao FantasPorto.
São estas maravilhas como no ano anterior com o Expressionismo Alemão, mas só para esconder o lado mais obscuro que é o FantaPorto, especialmente o panorama do cinema português... por acaso dava muito que falar. Um dos maiores festivais portugueses e "internacionais" e apresenta um miserável (em todos os sentidos) panorama do cinema nacional


cumps

12:41 da tarde  

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