BB
Je t’aime totalement, tendrement, tragiquement
Je t’aime totalement, tendrement, tragiquement
As palavras ditas por Paul a Camille no fabuloso Le Mépris definem na perfeição esta actriz francesa, Brigitte Bardot, ou tão-somente, BB, aquela que inicialmente deu, literalmente, o corpo em Et Dieu créa la femme de Roger Vadim, transformando-se numa das principais bandeiras do cinema francês e numa sex symbol à escala planetária.
Mas foi Godard quem, genialmente, aproveitou tão portentosa figura para desconstruir (a transfiguração com a peruca preta) e, simultaneamente, consolidar uma das maiores lendas do cinema Mundial. Na verdade, é em Le mépris que BB surgirá como a verdadeira mulher fatal, alvo de cobiça entre os homens, enquanto se passeia indolentemente pelo plateau desprezando Paul, seu marido.
A mulher fatal que, graças à mordacidade de Godard, interrogará Paul. "Gostas das minhas coxas? Gostas do meu traseiro? Gostas das minhas pernas? Gostas dos meus seios?" eis as perguntas com que se depara Paul (e, em bom rigor, qualquer espectador).
Perguntas feitas com a altivez e serenidade dignas de um ser em plano superior. O desprezo que Camille, rectius, BB lança a todos os que se atravessam no seu caminho mais não é do que a consequência da sua altivez, qual primus inter pares. Plena se sensualidade (exponenciada pelas sequências de nudez), Bardot não deixará nunca de se guiar pela frieza, numa mistura explosiva de beleza, sensualidade e desejo.
E a resposta de Paul não podia ser outra excepto aquela com que começámos:
Je t’aime totalement, tendrement, tragiquement
4 Comments:
Incomensurável carisma, praticamente ausente no vácuo feminino do panorama cinematográfico actual, onde as mulheres «másculas» maculam a divina fragrância feminina.
Cumprimentos Hugo.
Ainda restam exemplos dessa feminilidade carismática, na minha opinião.
No momento surgem-me nomes, curiosamente europeus, como Rachel Weisz, Monica Belucci...
Sim, talvez ainda existam alguns "espécimens", mas acho que como a BB já não há...
"Le mépris" é um filme genial. Dotado de uma meta-linguagem ímpar, acaba por ser um verdadeiro tratado sobre o cinema (para além do mais, é sempre um prazer ver e ouvir o eterno Fritz Lang, "lui même).
E, em "Le mépris" Godard fez algo de uma lucidez mefistofélica: construiu, em definitivo (Se é que dúvidas haviam...) o mito BB e, paralelamente, faz uma grande declaração de amor à sua musa, Anna Karina (a peruca preta diz tudo, acho eu).
Mas BB há só uma. Carisma, presença, tudo. Ela entra em cena e esquecemos o resto...~
Saudações cinéfilas!
Enviar um comentário
<< Home