sexta-feira, março 24

Pier Paolo Pasolini

Pier Paolo Pasolini

Cumpre salientar que começou ontem um dos mais importantes ciclos cinematográficos do ano: a retrospectiva integral da obra do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini. Como ponto central da sua obra cinematográfica, permito-me salientar um dos pontos centrais da sua obra cinematográfica: o empenhamento político. Pasolini dar-nos-á o exemplo-maior de que é possível fazer um filme politicamente empenhado, sem cair na necessidade de recusar a poesia da imagem e da mensagem. Não é à toa que Pasolini criou o conceito "cinema de poesia"...
Um cinema que caminha na corda bamba do surrealismo e do simbolismo, em que o confronto entre o ideal político, a crença em Deus e no Homem, andaram sempre de mão dada, a par da polémica. A mesma polémica que levaria a que o seu último filme Salo fosse retirado do circuito comercial duas semanas após a trágica morte de Pasolini, cuja vida foi ceifada precocemente.

Escritor, poeta, intelectual, Pasolini ficará célebre pela polémica que gerava, mas, igualmente, pela obra que deixou. No que toca à vertente cinematográfica, a Cinemateca brinda-nos com esta retrospectiva imperdível. Accatone, Il Vangelo secondo Mateo, Teorema, Medea ou Uccellacci e uccellini são algumas das obras a não perder.

Vêmo-nos por lá.
Post scriptum I - É mister referir que devemos a Pasolini o apadrinhamento da estreia cinematográfica de Bernardo Bertolucci (um dos últimos grandes autores vivos), com La comare secca, a que se seguiu a obra-prima Prima della rivoluzione. Saliente-se que Bertolucci foi assistente de realização em Accatone e também ele era poeta.
Post scriptum II - A poesia de Pier Paolo Pasolini encontra-se publicada, entre nós, pela Assírio e Alvim.