segunda-feira, outubro 29

O Herói

"Porque é que não exiges do Cinema o mesmo que exiges à pintura ou à arquitectura?"

Pedro Costa, na passada Sexta-Feira, no sítio do costume.

Em toda uma pergunta - que, no caso, até era uma resposta - está toda uma linha programática: o Cinema enquanto Arte é um produto do trabalho, da programação metódica. Não é puro entretenimento e só é bom quando tem algo para dizer, ou seja, quando tem uma qualquer mundividência própria. Nas palavras do próprio Pedro Costa: "pensas que esses filmes abrem a cabeça [os Blockbusters, em termos gerais], mas não o fazem. (...) os meus filmes só procuram abrir a tola". Ora nem mais, Costa mostra, apenas o que vê, se bem que recorra a um filtro poético para o mostrar, bem como a uma profusão de referências cinematográficas. Não me pronuncio sobre este aspecto. Fico-me pelo primeira: basta abrir os olhos e ver. Tão simples quanto isso, tal como basta abrir os olhos e largar a letargia hipnótica provocada pelo produto-pronto-a-entreter-made-in-USA.
Confesso que acabei a sessão e fiquei com vontade de dizer Labanta braço. É precisa uma mudança comportamental. Acontece que permanecer na letargia é muito mais fácil e menos cansativo. Simultaneamente, e conforme me dizia o Daniel, acreditei que muito do público presente não merecia o filme sequer. Um simples exemplo: um energúmeno sentado ao meu lado passou a sessão a cabecear e, a final, bateu palmas a algo que não viu.

5 Comments:

Blogger Daniel Pereira said...

Grita, grita Costa!

10:01 da manhã  
Blogger Francisco Valente said...

O que tu chamas o produto-pronto-a-entreter não é "made in Usa". É made in Usa, made in England, made in France, made in Portugal, made in Italia, made in qualquer país. Mas uma coisa é certa - muito mais já deram os americanos em produtos de entretenimento (para entreter e para pensar) do que outros, por exemplo. Até o Godard dizia, que "malgré moi", prefira muitas vezes um mau filme americano a um outro filme tão desinteressante.

12:00 da tarde  
Blogger Hugo said...

Sim. Totalmente de acordo, Francisco (made-in-USA é só o exemplo mais fácil de dar)

1:45 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

USA! YEAH!

6:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Todos os fundamentalismos são condenáveis. O gosto pessoal, o modo como te relacionamos com o produto resultante da criação, resulta da tua interpretação estética. O modo como assistes a tudo isso advém da tua liberdade, de gostar ou não. Há dias em que apetece dormir nas obras geniais, por serem tão herméticas. Eu subescrevo por inteiro o que disse o francisco Valente.

6:38 da tarde  

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