segunda-feira, outubro 22

Mosqueteiros não. Vitelloni


Quis o acaso que um grupo de amigalhaços - apelidados humoristicamente de "mosqueteiros", tal a sua união - celebrasse os respectivos aniversários, por obra e graça da providência, no espaço de menos de uma semana. Andavam com o olhar perdido no horizonte das esperanças. Fizeram-nos Homens de Leis, ao bom jeito de João das Regras, prontos a mudar o Mundo brandindo a espada da Justiça. Ambições frustradas, decerto: entre a prática e o ideal vai um longo caminho. Pelo meio conheceram crápulas e escroques da pior espécie. Mas, sempre juntos, prosseguiram:
i) Um sonha com letras e com a fuga ao bafio das leis aplicadas. Só porque não gosta de fraudes e atropelos aos ditames do legislador;
ii) outro, ribatejano por adopção, é apaixonado pela vida e pelos prazeres que ela dá. Será um grande chefe de família.
iii) Last but not the least, o terceiro, filósofo de vocação, jurista por mero acaso, é um apaixonado pelo prazer. Um Homem com "H" grande, pleno de humanidade.
Juntos gozam a vida e a amizade, com tudo o que há de bom e mau.
Parabéns, meus Vitelloni.

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É bom saber que alguém acerta na muge(ainda por cima adivinha os pensamentos), fazendo do cinema um mero pretexto.

E a equipa foi-se moldando:

O tipo que sonha com as letras é o alvejador (único) dos três mosqueteiros.

O tipo chefe "cabeça rapada" é o irmão metralha dos mosqueteiros.

O tipo projecto de jurista "pastor" é o mediador dos mosqueteiros.

e pronto, assim falou Zaratustra (o denominado "filósofo").

2:55 da manhã  
Blogger Apolo said...

Um por todos e todos por um!

Um abraço ao meu caríssimo Alvejador!

Paulo

2:50 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Você existe apenas naquilo que faz.
(Federico Fellini)

5:35 da tarde  
Blogger Flávio said...

Da penúltima vez que estive na Alemanha, perguntei aos meus colegas italianos qual era o significado da palavra 'vitelloni' e cada um dava uma resposta completamente diferente.

1:54 da manhã  
Blogger Flávio said...

«Você existe apenas naquilo que faz.»

Não conheço esta frase do Fellini, provavelmente inspirada no Sartre, mas discordo completamente. Acho que somos tanto o que fazemos como aquilo que poderiamos ter feito - escrevi a sobre isto no post sobre o filme Corre Lola Corre, no blogue A Bomba.

1:56 da manhã  
Blogger Hugo said...

Hom'essa, meus Vitelloni. Vocês são os maiores!

Pois, Flávio. Neste caso, para mim "vitelloni" é, apenas, a amizade que liga aqueles artistas do filme do Fellini. Esqueçamos que são uns pedaços inúteis de criação, umas crianças em ponto grande...são um grupo de amigos. Neste caso (o deste post muito particular) só isso conta. Acontece que também muita vez a olhar o mar, os vitelloni da vida real se interrogaram sobre o que estaria para vir...

2:06 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Vitelloni é o sinónimo de amizade, de um laço fraterno e permanente, de cumplicidade e partilha.
Vitelloni é a expressão de um sentimento único que Fellini revelou neste filme fantástico. Bravo Hugo, é bom sentir essa união.

P.s. - Corre Lola Corre é apenas um filme xunga alemão. Ver nisso algo mais é como se diz no Brasil: "Voar na maionese..."

8:35 da manhã  
Blogger Flávio said...

«P.s. - Corre Lola Corre é apenas um filme xunga alemão. Ver nisso algo mais é como se diz no Brasil: "Voar na maionese..."»


Deve ser o mesmo Brasil do João Kleber e da Igreja Universal. Eu não acho que nós, realizador e fãs de 'Lola Corre', devamos sentir complexos de culpa por o filme ter sido um êxito de bilheteira. Há coisas populares e divertidas que não deixam, só por isso, de ser profundas, ao contrário do que julgam alguns intelectuais adolescentes.

11:37 da manhã  
Blogger Flávio said...

Em todo o caso, sugiro ao Uzi que leia no blogue A Bomba o meu postal sobre Lola Corre e o novo paradigma da teoria do caos, uma vez que ele, manifestamente, não compreendeu as subtilezas por detrás do filme. É um texto bastante claro e simples, não terás dificuldade em ler:

www.a-bomba.blogspot.com

11:41 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Neste post, o Hugo partilha connosco os amigos, revela a cumplicidade que os envolve, fá-los personagens da sua história, indispensáveis na sua “boa vida”. Fellini existe no que fez, no que pensou fazer parece-me a mim que não, mas para aqui o que importa mesmo, é a coesão do grupo e o desfrutar a vida e a amizade, com tudo o que há de bom e mau. Parabéns, meus Vitelloni. (Uma vez mais um filme fantástico.)

PS: Azar o meu ser actor de uma história mal contada ...

12:05 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro flávio apreciei muito a sua análise, apesar de quando subscreve que "Lola rennt (1998) foi inspirado pela ciência do caos" está realmente a "esticar-se" um pouco. O filme não parece ser influenciado por nada, a não ser o desejo de fazer um interminável video-clip com má música e personagens "boas" e "más" de cartão. A sua interpretação até parece-me mais interessante do que o próprio filme. Ela corre muito e daí? Continua a ser um filme sem nada original ou expressivo.
"Voar na maionese" foi uma expressão utilizada numa conferência que assisti no Brasil a proposito de uma análise critica sobre o filme "Predator". Dizia o crítico que o predador era como Deus, ninguém o tinha visto mas todos sabiam da existência dele... Desculpe-me, mas parece-me uma boa expressão!
Com os meus cumprimentos e esperando trocar mais ideias consigo.
UZI.

P.s - A foto com o Herman José parece-me muito boa.

1:59 da tarde  
Blogger C. said...

Depois de ler o teu texto, acho que vou ter de o "roubar" ao meu tio. É uma sorte ter um tio que adora Fellini :)

6:56 da tarde  

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