domingo, outubro 14

A diluição


Vou liquidar-me.
Acto contínuo, desaparece na escuridão de um Tejo baço. Dificilmente se conceberá melhor ligação entre palavra e imagem: a diluição da vida no contacto com a água num último mergulho.
Acto contínuo, o ora escriba ficou com vontade de ir para o Pólo Norte. Com a solidificação da água, o risco de diluição no turbilhão que o assola cessaria. Para além do mais, diz-se que John Wayne move maravilhosamente a sua bacia por essas bandas. E o Cinema, mesmo numa simples conjectura redundando num boato, é das poucas coisas (a única?) que o vão ligando à sanidade.
Sobreveio Hölderlin: O destino impele-me para o desconhecido* e eu bem o mereço.
*Um raccord falhado citaria, por simples prazer, Ozu: esconde do espectador aquilo que ele mais quer ver. Razão tem Godard ao por fora de campo aquilo que conta. Em bom rigor, talvez possamos aplicar essa máxima à vida: Ficar longe da vista, ser obscuro, promover a fusão com as sombras. Depuração. Abstracção máxima.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E o Cinema, mesmo numa simples conjectura redundando num boato, é das poucas coisas (a única?) que o vão ligando à sanidade

(...)

10:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ó senhor Hugo não se desgraçe...

6:19 da tarde  
Blogger Hugo said...

...delírio (será?) absolutamente monteirista.

12:31 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Se fosse mulher apaixonava-me por si, para usufruír da diluição desse turbilhão que o assola, mas sendo eu homem, vou contentar-me em ficar longe da vista, ser obscuro, promover a fusão com as sombras. Fruír da sua depuração. Abstracção máxima.
Para manter a minha sanidade.

4:53 da tarde  

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