Ser alarve e inculto
"O meu insulto favorito é "pseudo-intelectual". Reparem como nunca nenhum "verdadeiro" intelectual ou pessoa letrada usa o insulto: a gente imagina que "pseudo-intelectual" fosse um epíteto brandido por quem consome todos os dias o seu Adorno e o seu Dewey; mas na verdade são os iletrados que usam a palavra com mais gosto. Não há alarve que não chame aos intelectuais "pseudo-intelectuais". Sendo que, para os incultos, qualquer pessoa que leia livros é um "intelectual" (ou seja, um "pseudo)." Pedro Mexia, in Público, 15-09-2007
Via Mr. Peeping TomPois bem, esta é a hora de ser alarve e inculto: este senhor, ora citado, é um pseudo-intelectual que, o mais das vezes, não sai do lugar comum, disfarçando-o com uns pós de erudição: uma citação aqui (ajuda sempre quando queremos passar por pós-modernos), uma palavra cara além e, muito importante, postas procurando a compaixão do leitor. Dito de outro modo, a velha e clássica rábula do zé coitadinho.
Como esta é uma casa dedicada ao Cinema, permito-me acrescentar que não basta ter traduzido Notas sobre o Cinematógrafo, de Bresson para passar a ter lugar cativo nas fileiras críticas... Mas isto digo eu, que não percebo nada de Cinema. Aliás, pergunto-me também de onde terá o ilustre licenciado em Direito obtido os méritos e louvores de crítico literário. Resposta óbvia, vertida em frase da povo (os mesmo alarves que têm prazer no insulto!): um Jurista (Advogado, no original) é capaz de fazer qualquer coisa.
Quanto ao que ora importa, não diria que este é um complexo de inferioridade, Mr. Peeping Tom. Bem pelo contrário, ou é a clássica lógica da procura de compaixão ou, quando muito, uma forma sub-reptícia e sibilina de afirmar uma qualquer superioridade moral e/ou intelectual. Em qualquer dos casos, um momento típico de uma certa inteligentsia lusa, a tal que receia uma, passe a expressão, populaça culta e que, paralelamente, ora gosta de zombar da ignorância alheia ora gosta de se fazer passar por vítima da tal "intelectualidade", conforme conveniente, vulgo consoante o lado para onde sopra o vento.
Concluído o desabafo*, regressemos ao Cinema.
* o ora escriba, alarve inculto, permite-se a veleidade de chamar a atenção para uma oração de estilo latinizado, inspirada naquilo que, em gramática latina (entendamo-nos: de latim, a língua morta), é conhecido como ablativo absoluto.
4 Comments:
De crítico de cinema, Mexia não tem nada. Há um amadorismo e falta de ideias na sua escrita fílmica. De escritor e tradutor desconheço os seus méritos.
Além disso, ultimamente no blog dele (Estado Civil), parece andar obcecado com sexo e o orgão sexual dele, sem falar no mau hábito de cobiçar a mulher do próximo.
Também não gosto desse "insulto", e jamais me pensaria considerar um intelectual. Nem intelectual, nem pseudo, SOU apenas. Considero esse "insulto", na maior parte das vezes, sinal de fraqueza de alguém que sente que sabe menos, e pronto, trata lá de mandar posta de pescada para atingir o outro; talvez fosse mais correcto utilizar a expressão "pretensiosismo intelectual". Quanto ao Mexia, aprecio as suas crónicas, desde que não sofram daquele síndroma auto-flagelativo, irritantezinho, que existe no Estado Civil. O "Poeta" é-me indiferente.
Ó Alves, tu não tens noção do ridículo, mesmo.
Este texto sobre o Mexia parece um auto-retrato do bimbo Alves. Hilariante!
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