Horizonte intangível
Estrada fora, tendo como meta um horizonte distante que se faz adivinhar. A beleza de todo e qualquer road movie* que se preze prende-se com a procura do desconhecido. É nela que o caminhante se faz ao caminho, encontrando-se, perdendo-se por vezes e quase sempre descobrindo os outros. Mais do que um horizonte perdido, esta meta invisível e praticamente intangível, é um meio colocado à disposição do viajante, que mais não quer do que encontrar um horizonte pessoal: o do Eu. Nem que isso seja sinónimo de descoberta de realidades desconhecidas - ou não fosse o apelo do desconhecido a incitar à viagem - ou a formação/reformulação de uma consciência. Por via de regra, esse processo conduz ao nascimento de um novo Eu. Uma pequena prova que das cinzas e dos destroços da alma pode nascer uma construção sólida.
* e até um road movie atípico como o recente Diarios de motocicleta não foge a essa regra. O facto de Ernesto Guevara, o Che, ser o protagonista apenas obnubila esse facto.
5 Comments:
Tem muita importância o filme centrar-se na imagem do protagonista, Ernesto Guevera (embora apenas numa curta fase da sua vida).
Esta obra obedece aos verdadeios diários escritos(legado deixado por "el comandante").
Um enormissimo documentário road style e que faz apelo aos valores fundamentais da humanidade - uma obra prima feita por um brasileiro (desconhecido pelos intlectuais do cinema).
Na esteira do que um amigo meu disse: "o filme é uma agradável surpresa", acrescento: a todos os niveis.
P.s. A tela traz um bálsamo de certeza e confiança num Mundo melhor e mais justo.
Belo texto...
(e a propósito de Walter Salles, Central do Brasil e Abril despedaçado são filmes magníficos)
Achei Diários de Motocicleta o máximo! Desde Sem Destino, de Dennis Hopper, não via um road movie tão bem feito e tão cheio de sentimento. A cada dia que passa me surpreendo mais e mais com o ator Gael García Bernal.
(http://claque-te.blogspot.com): Rocky Balboa, de Sylvester Stallone.
Bela foleirada de texto.
pena é o Bernal interpretar o papel de Bernal a fazer de Guevara...
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