Lamento neo-abjeccionista
Perguntava-se por aqui o porquê de já ninguém trabalhar em reacção nos tempos que correm. É, de facto, algo lamentável. Basta pensar que essas reacções em cadeia, na década de 60, fizeram com que a criatividade fosse puxada ao seu limite (Fellini, Visconti, Antonioni, Bergman, Godard, Truffaut, e a lista não mais acabaria...).
No que toca ao Cinema Português, atendendo ao panorama confrangedor onde não surge ninguém capaz de o projectar internacionalmente, tirando o eterno Manoel de Oliveira e, actualmente, Pedro Costa e Teresa Villaverde, urge animar as hostes. Ora, perante este cenário paupérrimo, julgo que há que lamentar o facto de o Cinema em Portugal não dispor de uma figura como Luiz Pacheco*.
* A César o que é de César. Tempos houve onde Portugal dispunha de alguém capaz de animar o reino lusitano: João César Monteiro, esse génio ignorado.
11 Comments:
E está tudo dito Hugo...nestes tempos de letargia, em que nada parece acontecer verdadeiramente, faz falta recordar figuras dessas...e porquê os estado das coisas? realmente parece um mistério...
Belo Post
Cumprimentos
Não podia estar mais de acordo. O cinema portugês é o retrato vivo do país.
A cultura é como a batata precisa de campo neutro e fértil coisa que este nosso quintal (à beira mar plantado) não é.
A revolução cultural seria benvinda...(no cinema,nas artes,na literatura e nas ciências humanas).
Existem tantas personalidades escondidas na toca, tantos Césares Monteiros, Sizas Vieiras, Josés Luis Peixotos e Luizes Pachecos...
Desde que me conheço, que ando a ouvir falar de uma iminente revolução no cinema português; não acredito em tal coisa.
A temática que propões é-me demasiado dolorosa para poder dizer algo mais.
Acho que existe um cinema português mais "reactivo" mas também menos "mediadizado": o documentário. Nunca (ou quase) se vê em salas de cinema, e é uma grande pena.
Está a chegar o Doclisboa. Aproveitem para ver alguns. Nomeadamente "Fora da Lei" de Leonor Areal, este sábado às 18h30 na Culturgest.
Para além da vertente documental (muito bem apontada pelo Nuno Pires) existe muito talento bruto no universo das nossas curtas-metragens. Infelizmente, ninguém lapida a preciosidade desses diamantes, pois preferem apostar no lançamento de filmes da treta.
Para aumentar o degredo, o zé povinho ainda amamenta financeiramente estes tristes, chafurdando nesta tristeza de filmes hodiernos.
concordo plenamente quanto ao documentário e ás curtas-metragens interessantes que já ninguem têm coragen de exibir antes das longas...mas tambem tenho que reforçar o que diz o Tiago Barra - tanta gente talentosa escondida, reprimida...sei lá porquê...
Já agora no Doc Lisboa:
NÚMERO ZERO: PROGRAMME SELECTED BY PEDRO COSTA
um conjunto de filmes/docs selecionados pelo Pedro Costa - imperdivél com certeza.
Tiago, joseo: Muito talento escondido certamente. Se calhar, não há é meio/sítio por onde ele se possa espraiar.
Nuno, Francisco: sim. O documentário tem sido um verdadeiro poço de surpresas. Tal como as curtas. Falta, apenas, a divulgação e a coragem de os exibir. Temos direito a ver, por exemplo, "uma verdade inconveniente", mas ninguém passa obras nacionais. O que é tão ou mais grave quando algumas dessas obras foram financiadas pelo ICAM. Ou seja, pelo contribuinte.
...financiadas pelo ICAM mas também pela RTP (as duas entitades têm um protocolo), que nem sequer as programa.
Ora bem, exite por aí também um Joao Pedro Rodrigues, e parecendo que não para se fazer cinema em portugal é preciso ser em reacção, principalmente quem vive numa escola de cinema, tens de reagir para não te deixares engolir, tens de te manter à margem, ou és engolido por modas e manias. Regras??? Reages porque queres acordar alguém, não te deixam.... voltas a reagir.... não te deixam, voltas a reagir.... Podes desistir, e alguns desistem.
Não é só na escola de cinema, é no cinema português também, o problema vem de muito fundo. Vem do problemas principal que o cinema é VISTO COMO MODA e NÃO COMO PAIXAO.
Cumprimentos
Quando o ICAM dá, pla enésima vez, apoio aos suspeitos do costume e ignora novos talentos e valores, diria que a revolução não anda por estas paragens...
Wasted: pois! :-(
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