Cinema em Estado Puro
Privada da liberdade em idade tenra - atente-se que não é à toa que, na Alemanha, este filme é conhecido por "Uma Vida sem Liberdade" (Ein Leben ohne Freiheit) - Anju, decide suicidar-se, após ter ajudado o seu irmão a fugir de um campo de escravos. Até aqui dir-me-ão que isto é algo banal.
Ora, toda a genialidade de Mizoguchi vem ao de cima pelo que não se vê. Apenas se pressente. O espectador limita-se a ver meros indícios do que se passou. Anju, atormentada pela dor, chorando, desloca-se serenamente para as águas. Colocará pedras nos bolsos para que se afunde mais depresa e dará os primeiros passos para o leito das águas. Quando a câmara volta a focar o local onde estava, já só resta o borbulhar da água em sereno sobressalto. Afogou-se. E só nessa altura nos vem à memória o facto de Anju ter avançado para o nevoeiro. Ela, que mais não passava de sombra que se locomovia, entrou no seu reino. O das sombras.
Uma elipse primorosa, que nos mostra a mais calma, poética e bela das mortes. Assim é Mizoguchi. Assim é o Cinema.
À propos, veja-se este belo texto de André Dias.
4 Comments:
Désolée Hugo, pour hier, on a eu des empêchements :(
J'ai vu sur le blog de Nuno que le film de Mizoguchi t'avait bouleversé hier. J'aurais tellement aimé pourvoir lire ton post sur ce film! Je ne l'ai malheureusement pas vu, vivement la prochaine occasion. Je crois que je vais demander à Nuno de me traduire ton post :p
See you au prochain rdv cinéphilique sur les 39 Marches de la Cinémathèque! ;) ;)
PS: la photo du film que tu as choisie est vraiment magnifique.
Tout le film est magnifique :-)
O que se adivinha e não o que se mostra...
Mais um a ver, devia era ter descoberto o teu blog durante as férias, quando tinha tempo.
Enviar um comentário
<< Home