terça-feira, setembro 5

Exemplo a seguir

Fritz Lang
Fritz Lang, autor de obras imortais como Metropolis, M - Ein Stadt sucht ein Mörder, Die Spinnen ou Dr. Mabuse, der Spieler, aquando da sua fuga para os Estados Unidos da América, deu-se ao trabalho de, antes de retomar a tempo inteiro a sua profissão, ler muitas das obras secundárias da literatura norte-americana, com o intuito de poder, simultaneamente, entender o público com o qual passaria a comunicar e descobrir histórias que pudessem servir de base aos seus futuros filmes.
Lang, apesar da sua celebérrima fama de realizador tirano e implacável para com os actores, teve a humildade de procurar entender o seu público, de molde a adaptar a sua Arte a uma nova realidade, em vez de impor a sua visão do Mundo. Lang não foi autista. Desejou comunicar. Deste modo, puderam ver a luz obras como Fury, Rancho Notorious ou The Big Heat*.
Ora, numa época em que muitos realizadores centram as suas atenções em sucessos literários à escala mundial (veja-se, por exemplo, o medíocre Da Vinci Code), talvez não fosse má ideia aprenderem com Mestre Lang: maus romances, podem dar grandes filmes. Basta que o realizador, para além de ter talento, seja capaz de extrair o melhor do material de base. Assim, para evitar que a literatura Thrash (também conhecida por literatura de aeroporto) invada as salas de cinema em adaptações medíocres e sensaboronas, urge que os realizadores se esforcem ao invés de, pura e simplesmente, enfiarem uma história numa dado tempo limite.
* Note-se que das obras citadas apenas The Big Heat teve por base um romance.

2 Comments:

Blogger Ricardo said...

Bom, se há uma coisa que eu não era capaz de chamar ao Lang, era humilde… A sua vaidade, crueldade e manipulação estendiam-se do plateau à vida privada, sem olhar a meios para atingir o que queria. Digamos antes que ele preferiu astutamente “baixar a bola” assim que chegou a um país que não era o dele. Se leu obras menores, era porque não estava em posição de querer adaptar a grande literatura, tarefa que era entregue aos mais “respeitáveis” da casa - William Wyler, King Vidor, etc – duvido muito que fosse para atender ao grande público.

Mas sim, ele tinha mais talento no seu dedo mínimo do que a maior parte dos realizadores de hoje.

Recomendo-te vivamente a leres a biografia dele, da autoria do Patrick McGilligan, “The Nature of the Beast”. Por vezes é exagerada, chegando ao ponto de insinuar que ele assassinou a primeira mulher, mas continua a ser leitura definitiva sobre o meister.

10:58 da manhã  
Blogger Hugo said...

Eu só lhe chamo humilde apenas neste particular. E convenhamos que o Lang que aparece retratado em "le mépris", por exemplo, até é algo idealizado. Este Kappelmeiste era, de facto, tirânico e implacável e gostava de cultivar a sua figura. Daí que usasse o monóculo apenas para obter efeitos de intimidação.

Abraço!

11:20 da manhã  

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