quinta-feira, maio 18

Cardinale, uma Força da Natureza

Claudia Cardinale em Once upon a time in the West
Uma das melhores definições que se podem dar a propósito da grande actriz italiana Claudia Cardinale será, certamente, aquela afirmação memorável de Guido em Otto e mezzo: Claudia fazes bater o meu coração como se fosse um liceal.
Trata-se de algo que traduz de forma perfeita as aparições com que somos brindados. A entrada em cena de Cardinale obriga a centrar as atenções nela. Foi a esposa dedicada em Rocco e i suoi fratelli, a musa de Guido em Otto e mezzo, a sensual Angelica de Il gattopardo, a prostituta com coração de ouro em Once upon a time in the West, a cúmplice da loucura de Fitzcarraldo e a sua ópera em plena selva amazónica...
Em todas essas aparições, teremos sempre a oportunidade de ver a graciosidade em estado puro. De toda elas, a mais luminosa será, provavelmente, a de Once upon a time in America. A fotografia de Tonino delli Colli é, uma vez mais, portentosa e deifica Cardinale. O olhar vazio de Jill será sempre um contraste perfeito relativamente ao desejo que provoca em todos os que com ela convivem, tal como é inesquecível a frase final dita por Cheyenne: "You know what? If I was you, I'd go down there and give those boys a drink. Can't imagine how happy it makes a man to see a woman like you. Just to look at her. And if one of them should pat your behind, just make believe it's nothing. They earned it. "
E se escolhemos o Western de Leone, é por uma razão simples: pela primeira vez uma actriz tem um papel principal num dos seus filmes e tal opção é memorável. Cardinale excede-se, supera-se e gela-nos com o seu olhar simultaneamente vítreo e sensual. Se em Otto e mezzo o nosso coração bateu como o de um liceal, no Western pós-moderno de Leone ficámos estarrecidos e esmagados pela tenacidade de Jill, a mulher da vida que se converteu, abandonou o passado e transformou-se numa mulher lutadora.
Concluindo, acho que podemos concordar com John Carpenter: Todos tivemos uma paixão por Claudia Cardinale. Efectivamente, resulta impossível ficar indeferente a esta actriz. Com a sua entrada em cena, esquecemos tudo o resto e o nosso ritmo cardíaco sobe.
Presença, carisma, beleza, talento...as qualidades são muitas e resultam numa mistura explosiva, da qual resulta uma das lendas do Cinema: Claudia Cardinale, uma Força da Natureza.
Claudia Cardinale em Otto e mezzo

6 Comments:

Blogger Bill said...

Felizmente hoje temos a Monica Bellucci...

5:06 da tarde  
Blogger Hugo said...

Lá isso é verdade. Mas ao pé de uma Cardinale, de uma Bardot, de uma Bergman ou de uma Hayworth, a Bellucci deixa um bocado a desejar. Acho eu...

9:19 da tarde  
Blogger C. said...

O meu próximo "mode: edit" vai ser justamente com a Claudia Cardinale e outra actriz ;) Coincidência engraçada.

3:47 da tarde  
Blogger Hugo said...

Deveras! Bela coincidência :)

6:54 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Oi,

sou 100% heterossexual, mas se o Alain Delon me pedisse para casar com ele, nem pensava duas vezes. É o charme em pessoa. Qual Brad Pitt, qual caraças...

3:17 da manhã  
Blogger Hugo said...

Como costumo dizer, da mesma forma que há pessoas fotogénicas, também as há "cinegénicas". Ver Delon em "Rocco e i suoi fratelli" ou "le samouraï" comprova isso.

Quanto à Cardinale ela está, de facto, deslumbrante em "Il gattopardo", mas, talvez porque desconstrui (de certa forma) o modelo do Leone, será sempre a Jill McBain que me virá à memória. Tal como virá a Claudia de "Otto e mezzo": a forma como ela povoa os sonhos do Guido acaba por contagiar os do espectador...

Saudações cinéfilas!

6:08 da tarde  

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