O Senhor Hulot
Contrariamente ao pequeno Charlot, o Senhor Hulot é uma paersonagem que olha o Mundo de uma posição alta. Vê de cima para baixo, daí o seu gesto característico: dorso arqueado, mãos nas ilhargas, com um cachimbo na boca e chapéu de chuva debaixo do braço. Mais importante, será essa estatura elevada que permitirá ter uma visão distanciada do Mundo que o rodeia. Dá-lhe a margem necessária para contemplar e analisar.
Contrariamente a Charlot, sempre pronto para ajudar tudo e todos, o Senhor Hulot limita-se a ser uma testemunha passiva dos tempos que correm e, com seu gesto ingénuo, põe a nu a influência da tecnologia no Homem, designadamente as figuras rídiculas que nos obriga fazer. Hulot, rectius, Jacques Tati é, pois, o descendente directo do burlesco de Buster Keaton e, tal como o lendário actor norte-americano, será uma personagem cujo rosto não demonstrará qualquer emoção, mesmo que esteja perante o mais cómico dos gags. Permanecerá sempre impassível.
Se, inicialmente, com Les vacances de Monsieur Hulot a personagem principal era o centro do filme, com Mon oncle e, sobretudo, com Playtime, o Senhor Hulot acabará por diluir-se no cenário, multiplicando-se pelos vários figurantes que acabarão por absorver os seus gestos e repeti-los. Isto porque, em bom rigor, todos nós temos um Senhor Hulot cá dentro.
E assim num Mundo onde não havia lugar para curvas ou deslocações não rectílineas, o Senhor Hulot trouxe-nos o prazer do desvio, do atalho. Semeou a confusão. Mas também lançou o grito de alerta para os perigos de o Homem poder vir a ser escravo das máquinas. Mas a sua magia deve-se ao facto de o ter feito sem grande recurso ao diálogo. Apenas através de humor físico e de uma prodigiosa banda sonora ou de um impressivo jogo de sons. É essa a magia de Tati: ser o dono de uma obra de outro mundo. Foi assim que Truffaut definiu a obra-prima que é Playtime. Mas, em bom rigor, toda a obra de Tati o é. Tati é, pois, o Maestro de verdadeiras sinfonias visuais, que mais não são do que incisivos estudos sociológicos sobre a vida nas sociedades modernas.
5 Comments:
Je ne sais pas trop ce que tu as raconté sur Tati, mais en tout cas moi c'est quelqu'un que j'adore. J'aime sa simplicité enfantine, son humanité cachée, son autisme face au monde moderne, son regard décalé et ô combien intelligent sur notre monde. C'est quelqu'un que j'aurais bien aimé avoir dans ma famille :p :p
Y a t-il un autre metteur en scène capable comme lui de montrer à un acteur comment balayer les feuilles sans les balayer vraiment!!!!!
Et la profondeur de son propos à travers des scènes en apparences simples et légères. Je pense toujours à "Mon Oncle", toutes les scènes qui se passent dans la maison moderne de sa soeur sont mémorables.
Un grand homme, qui n'est connu malheureusement que par les cinéphiles. Sa statue, sur la côte atlantique française(où il a tourné "Les Vacances de M. Hulot") a même été abîmée par des incultes qui voulait s'amuser. Triste fin pour un tel homme de géni.
Tout à fait d'accord. Mais, parfois, certains cinéphiles ignorent le génie de Tati. C'est plus facile de faire l'éloge de Truffaut, Godard ou des classiques comme Renoir...
malhereusement, avec Playtime Tati a connu l'échec et les gens l'ont oublié.
:-) Obrigada!
Confesso que ainda não me perdi nos meandros de tati...
http://sigarra.up.pt/flup/NOTICIAS_GERAL.ver_noticia
Talvez gostes de saber...
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