Pensamento solto: D.O.A.
Há alturas em que os mais insuspeitos filmes nos fazem pensar no próprio umbigo: ver de enfiada D.O.A., de Rudolph Mathé e Kiss me, deadly, de Robert Aldrich é uma experiência cinematográfica curiosa e única. Desta vez não penso tanto na excelência da dita experiência, mas sim em algo mais prosaico: a aplicação ao real dos títulos de ambos e das temáticas versadas: neste mundo-cão que teima em viver a 150 km/h e onde, pelos vistos, trabalhar 10 dez horas por dia começa a virar regra*, dá vontade de dizer que estamos mortos à chegada (ou que vamos sendo mortos todos os dias à chegada a essa nova proletarização) e que vivemos numa qualquer paranóia colectiva que nos cega e impede de ver o Mundo em volta: ergam um qualquer lema e depois é esquecer o que conta, o Outro. Parece que o Homem teima em ver no seu semelhante um qualquer animal e não alguém igual.
*Marx, volta. Estás perdoado: precisamos de uma nova (re)leitura da História.
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