quarta-feira, junho 13

As primeiras filas

Por mais estranho que possa parecer, o hábito recorrente de acampar nas primeiras filas de uma qualquer sala de Cinema tem uma explicação "dogmática". Ao ficar numa posição onde, por via de regra, é necessário inclinar ligeiramente a cabeça para cima - e este ângulo dependerá muito da arquitectura da sala em concreto - o espectador opta por ver um filme num longo plano contrapicado, manifestando a superioridade do Cinema e, consequentemente, a sua inferioridade para com o objecto amado. Não será tanto uma questão de receber as imagens primeiro como se diz em The Dreamers mas sim de afirmar o seu respeito/paixão relativamente ao celulóide em movimento.

11 Comments:

Blogger Ricardo said...

Opinião interessante... Eu, por acaso, desde a minha infância sempre preferi ficar nas últimas filas da sala de cinema; quero ver todo o ecrã, na totalidade e em pé de igualdade, não me sentir esmagado pela imagem, de forma claustrofóbica, à maneira do Alex da Laranja Mecânica. Quando me ponho nas primeiras filas regra geral acabo a sessão com uma tontura e um ligeiro torcicolo.

12:11 da tarde  
Blogger Daniel Pereira said...

Eu vou lá para a frente, tentando não ter ninguém à minha frente, podendo imaginar que o filme está a ser projectado só para mim.

1:39 da tarde  
Blogger Nuno said...

Uma frase de Godard muito a propósito:

«Le cinéma, c'est ce qui est plus grand que nous, sur quoi il faut lever les yeux. En passant dans un objet plus petit et sur quoi on baisse les yeux, le cinéma perd son essence. (...) On peut voir à la télé l'ombre d'un film, le regret d'un film, la nostalgie, l'écho d'un film, jamais un film. »

5:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Fala por ti. Nem todos temos pescoços à iron man. Ao fim de duas horas, quando não são mais, fico com a sensação de que o sangue não chega ao cérebro. Depois fica difícil pensar. E não, não faço parte das "little people".

7:39 da tarde  
Blogger Juom said...

Por acaso ontem, enquanto via (finalmente) "Zodiac", esse pensamento ocorreu-me. Sentei-me mais para a frente, e fiquei a pensar exactamente no contrapicado e na forma como o cinema nos esmaga ainda mais. Ainda assim, tal não é muito normal, e também prefiro ficar um pouco mais para trás (não em excesso), basicamente porque preciso de me sentir confortável enquanto vejo um filme. Ficar na frente pode provocar-me grandes dores de pescoço :-S

11:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

excelente ponto de vista. confesso que não costumo fazê-lo mas, agora que penso, das vezes em que aí fui parar inadvertidamente, gostei sempre da experiência.

3:47 da manhã  
Blogger intruso said...

gosto das filas do meio... bem no meio, de onde é mais difícil fugir ao filme, sobretudo se a sala estiver cheia...
(e tb para evitar um torcicolo)

:)

1:50 da tarde  
Blogger Miguel Domingues said...

Bem...

gosto de ver os filmes nas primeiras filas, porque não tenho a grandes interferências de cabeças alheias a toldar-me a visão. Contudo, não me interessa apenas entrar num filme como numa observação da vida alheia, enganado-me a mim mesmo e pensando que lá está a realidade. Pelo contrário, interessa-me o objecto fílmico enquanto construcção, enquanto planeamento. Por isso, gosto sempre de ver os lados do ecrã, por modo a saber que estou a ver um filme, um objecto que existe num contexto e num limite.

E, depois, há as dores de pescoço provocadas pelo girar da cabeça para ler as legendas (acontece mais quando não conheço a língua em que o filme é falado), parecidas decerto com as dos espectadores de ténis.

Abraço

6:06 da tarde  
Blogger Hugo said...

Eu, por acaso, devo confessar que apesar do meu metro e oitenta não ganho torcicolos nas primeiras filas. (há testemunhas disso) :-)

11:14 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A questão do pescoço é discutível. Eu sou daquelas que fica com um torcicolo se me sentar à frente... e assim, dorida, não aproveito bem a obra que se estende perante os meus olhos.

As filas lá para trás...oferecem muito mais possibilidades voyeurísticas, a meu ver, é mais recatado.
Observamos de longe, mas sempre perto e intimamente. Não se perde nada, é como se estivéssemos individualmente, cada um à frente e em contacto próximo com a obra cinematográfica. Que se impõe ao espectador claro, seja em que fila for.

11:14 da tarde  
Blogger Betty Coltrane said...

pois... Iss significa q o meu amor pelas últimas filas revela um conceito de superioridade em relação à 7ª arte? hehe! É uma teoria mt interessante, de facto. Mas olha q a questão do torcicolo (e das dores nos olhos, já agora), tem um peso considerável! :D

fica bem!

12:01 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home