sexta-feira, dezembro 22

Le déjeuner sur l'herbe

Le déjeuner sur l'herbe é um filme aparentemente peculiar. Não só porque vemos irromper a TV tela adentro de modo a permitir que o Professor Alexis instrua a população sobre as vantagens da reprodução artificial, mas também porque todo o filme é impregnado pelo tom cómico. Aliás, a par dos inúmeros acontecimentos que vão desfilando pela tela, julgamos estar perante um filme rudimentar (e é, de facto, pura aparência. Basta ver, por exemplo a inserção da TV dentro do écran ou o o recurso a várias câmaras para rodar o filme, com o inerente trabalho de montagem).
Mais do que o impressionismo que impregna o filme - veja-se a luz que irradia por todo o décor mas, também a auréola luminosa que rodeia Nénette - o que mais impressiona, passe a expressão, é a actualidade da temática abordada. Em 1959, Renoir, um cineasta que sempre primou pelo Humanismo, fez com que uma simples camponesa, Nénette, levasse um ilustre sábio, defensor da reprodução artificial, a abdicar de tudo para poder gozar os pequenos prazeres da vida. Porque, em bom rigor, devemos deixar-nos guiar pelo carpe diem. Em Le déjeuner sur l'herbe foi a necessidade de sentir e de estar em contacto com a Natureza e com o Outro que ditaram o abandono dos gestos graves, maquinais e ensaiados à exaustão. Porque tudo se resume à comunhão. Quer com o Outro, quer com a Natureza. Acima de tudo, por mais avançada que seja a Ciência, ela jamais poderá substituir o Homem, os seus gestos e os seus afectos. Eis a lição de Renoir.
Para mais pormenores, veja-se este pequeno ensaio.

3 Comments:

Blogger C. said...

Pequena grande surpresa descoberta na cinemateca! Sempre na excelente companhia da bande à part ;)

12:13 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Carpe Diem! Feliz Natal Hugo! Abraço!

9:13 da manhã  
Blogger Hugo said...

Wasted: a bande à part está sempre no acontecimento. eheh :-)

Francisco: agradeço e, obviamente, retribuo! Abraço! :-)

2:23 da tarde  

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