The Misfits
It's... It's like ropin' a dream now. Just gotta find another way to be alive, that's all. If there is one any more.
Dos inúmeros diálogos cortantes de The Misfits, talvez seja este o que melhor define este western dos tempos modernos de John Huston. Num Mundo onde o passado não tem lugar, onde não há espaço para a tradição, sobra o conformismo e a inerente atitude passiva, a par de uma tristeza e apatia constantes. Sobra apenas uma tentativa desesperada - e votada ao insucesso - de procurar a felicidade. A felicidade que teima em fugir, diluindo-se na imensidão espacial de um deserto onde estes inadaptados darão caça aos outros: os cavalos. Porque nenhum deles tem um lar, porque quer o trio quer os cavalos vivem livres - acaso não será uma vã ilusão? - correndo sem destino ao sabor do vento. São estes os inadaptados filmados por Huston, que soube captar a tensão existente entre um Mundo que se fazia anunciar e um passado que já não era. Porque o Homem é um produto do Tempo. E estes inadaptados - maxime Gay Lagland (um soberbo Clark Gable) - não fogem à regra. De certa forma, até se podia recuperar uma das máximas de Nicholas Ray: We can't go home again...
Note-se também que este é, de certa forma, o filme que marca o fim do studio system. Construído com total independência perante a indústria, The Misfits marca o adeus de dois dos seus emblemas: Gable e Monroe. Tal como o trio dominado pela amargura que domina o filme, também Hollywood começava a não ter lugar para estas estrelas. Também elas inadaptadas. O título The Misfits acaba, assim, por ter a virtualidade de ser o canto do cisne de uma época e de cristalizar na perfeição os sinais de um tempo.
5 Comments:
- Belíssimo Post.
O filme dá azo à inspiração ;)
Adorei vê-lo, finalmente, numa sala de cinema!
:-)
É absolutamente soberbo, de facto.
Très, très beau (le film, la soirée, le texte).
Obrigado :-)
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