La maman et la putain, o estalar do verniz
Em 1973 Jean Eustache assinou um filme monumental que, entre outras coisas, era uma reacção contra o cinema de papa que alguns autores como Truffaut e Chabrol vinham fazendo. Eis o leit motiv de La maman et la putain. Apesar de a sua intenção inicial ter sido a de criar um filme que interrogasse a palvra, em que a palavra fosse o enredo, assumindo, assim o papel principal - basta lembrar o tom escrito do texto. Todos se tratam pelo pomposo Vous - Eustache acabou por ceder, permitindo que Veronika (la putain) corte cerce o tom teatral que impera no filme.
Certeiro. Cru. Agridoce e de uma lucidez visceral. Aqui, tal como num texto de Céline ou Genet, é o palavrão que fica bem e que é utilizado na medida certa. Serve de moldura à mensagem e, simultaneamente, é o seu veículo. Belo. Muito belo. São estes os escombros do Maio de 68. Eis os seus filhos desencantados. Perdidos no meio de nenhures, entre a esperança ingénua e o realismo cínico e amargurado.
3 Comments:
Superbe monologue!
Hugo, viste também "Une sale histoire" de Eustache? Adoro este filme. A limite entre ficção e documentário quase que já não existe ; a parte ficcional quase que se torne até mais "real" do que a verdade. Impressionante.
Infelizmente não vi.
Mas este La maman et la putain é um dos filmes da minha vida. Quando o vi pela primeira vez marcou-me. O mesmo aconteceu há pouco mais de meio ano quando o revi. É, de facto, soberbo.
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