domingo, outubro 5

Le bonheur n'est pas gai


Esplendoroso Ophüls, que me relembrou o prazer puro e simples do Cinema, enquanto ia ruminando em tudo o que me rodeia. O movimento de câmara que se assemelha a uma valsa, dançada graciosamente enquanto descemos ao âmago da questão: o prazer que todos procuramos e que dificilmente alcançamos. Em Ophüls tudo se funde, rendido à câmara. Já o espectador, esse, arrisca-se a sair perdido no manto de névoas que serve de moldura às personagens.
No fundo somos todos como o dançarino da sequência inicial: na busca egoísta do prazer, pomos uma máscara para não sermos reconhecidos ou para maquilhar a idade que se faz sentir.Fazendo-o, perdemos o controlo. Caímos no abismo e tornamo-nos marionetas nas mãos do nosso egoísmo.