Corações Solitários
É um labirinto de encontros e desencontros: a religiosa (falsamente) tímida, o mediador imobiliário desajeitado, o ex-militar obtuso e a sua noiva desencantada, o barman solitário, a jovem perdida em encontros falhados...todos e cada um representando, ao seu jeito, a solidão moderna, que Alain Resnais desenhou num filme onde pairamos num qualquer espaço que nunca descortinamos qual é. Afinal, não é isso o que conta. Tudo se resume ao drama interior e à extraordinária capacidade do Mestre francês em nos fazer esquecer os exteriores. Graças à sua mise-en-scène focamo-nos no reduto íntimo do Eu.
Como se isto não chegasse, fazer um filme agridoce sem nunca cair no exagero e, de forma tão simples, falar da mais básica necessidade humana: a projecção no Outro, encontrando a felicidade e criando uma união a dois, são, "apenas", sinais de que este é um filme extraordinário. Um labirinto de personagens, de emoções e sentimentos, devidamente emoldurados por uma neve persistente que nos parece fazer viver um sonho, contribuindo, assim, para o tom levemente irreal - e falsamente abstracto - desta grande obra.
4 Comments:
A propósito de cinema, uma sugestão:
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As minhas desculpas pela publicidade descarada.
Inteiramente de acordo, Hugo.
Pedro Correia
Muito bem feita a análise.
Saudações cinéfilas,
VA
Mais uma obra maravilhosa de Alain Resnais, com dois dos seus actores de sempre: a Sabine e o Pierre.
Abraço cinéfilo
Paula e Rui Lima
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