segunda-feira, janeiro 21

Une femme mariée


Une femme mariée, de Jean-Luc Godard é uma daquelas obras que deixa o ora escriba assolado por dúvidas: em pleno "período Nouvelle Vague", Godard procura uma espécie de ponto de equilíbrio entre ficção e documentário, centrando a sua atenção num estudo quase sociológico da condição da mulher casada. Filme de fragmentos, são também fragmentos da vida que vemos, numa sucessão de grandes planos, seja do rosto das personagens, seja de partes do seu corpo. Tudo quase sempre emoldurado por um cenário branco, o que parece demonstrar que este é mais do que um filme sobre uma dada mulher. Pelo contrário, é uma reflexão de carácter geral, marcada por uma depuração quase total, a qual é contrabalançada pelo simbolismo dos vários grandes planos. Um objecto curiso - cronologicamente falando - no percurso de Godard, mas simultaneamente, pleno de actualidade.
E como é de Godard que falamos, o Cinema e as citações, inevitavelmente, estão presentes, sendo que o Cinema serve, o mais das vezes, para exemplificar e concretizar tudo o que vai sendo sentido. É absoluto e dominador.