quinta-feira, janeiro 3

O homem comum do cinema

"L'homme ordinaire du cinéma ne dirait ici que cet inessentiel*: le cinéma n'est pas mon métier. Je vais au cinéma pour me distraire mais, par hasard, j'y aprends aussi autre chose que ce que le film m'enseignera (il ne m'enseignera que je suis mortel - il m'apprendra peut-être une invention du temps, une dilatation des corps et l'improbabilité de tout cela: je reste en effet constamment non son lecteur mais son serviteur le plus soumis et son juge); j'y apprends donc à m'étonner de pouvoir vivre simultanément dans plusieurs mondes"
Jean Louis Schefer, L'homme ordinaire du cinéma, Cahiers du Cinéma, 1997, p.5
* obviamente, apenas dirá isto se tiver rectidão e honestidade intelectual. Confesso que a parte em carregado me deixou rendido a este ensaio. É uma ideia que tendo a praticar. Aliás, mais do que viver simultaneamente em vários mundos, o homem comum do cinema [pelo menos este agora escreve] vê Cinema em cada esquina. Há muita coisa do mundo real que o acolhe que ele projecta, recordando fotogramas vistos, ficando num limbo onírico. Em qualquer caso, e como diria João César Monteiro, convém não esquecer que O Cinema não me alimenta. Uma perna de borrego, sim.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gosto de cinema. O meu eleito foi o realizador Beto Brant. Não sei se, assim de memória, poderia achar outro que lhe tenha sido mais surpreendente na década passada, mas o fato é que Brant realmente deu um sopro novo ao cinema, arejando-o, pelo menos, com filmes como O invasor – que coloca a discussão da violência no centro urbano com particular densidade, Matadores, Ação entre amigos, e, mais recentemente, Crimes delicados, no qual ousou transfigurar o estilo de sua mise-en-scène habitual em função de uma intensidade maior no mergulho da tomada mais vagarosa e introspectiva. Crimes delicados, aliás, foi muito festejado na nona mostra da mesma Tiradentes que,no ano seguinte viria a consagra-lo o realizador da década.

3:20 da tarde  
Blogger Voyages en Suspens said...

reconheço-me nesta definiçao do homem comum do cinema, debaixo do fascinio das imagens e sequencias e ao mesmo tempo tentando resistir-lhes com algum raciocinio critico

12:03 da manhã  
Blogger Pedro Ludgero said...

Mas o cinema também se alimenta da perna de borrego (e que ensopado de onirismos me faz um friozinho no estômago)__

9:10 da tarde  

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