quarta-feira, agosto 15

Auto-análise (versão cinéfila)

Depois de (re)ver Torre Bela o meu ser, de certo modo, voltou a ter noção do Portugal que não viveu, mas sempre ouviu falar. Tal como também tomou contacto com atitudes flagrantemente portuguesas que, ao fim e ao cabo, não são de agora: parecem ser intemporais. É uma excelente desculpa para conhecer Portugal e os seus. Algo que, noutra escala - de impacto bem maior - já me sucedera quando vira Trás-os-Montes, de António Reis pela primeira vez: o Mundo que julgara conhecer escondia particularidades que o meu olho habituado a gestos quotidianos já não lograva ver. Conheci-me, conheci as minhas gentes, a geografia de um espaço que marca o carácter duro e agreste dos seus, tudo isto enquanto descobria Cinema.
Com Torre Bela a experiência é similar, embora de forma inversa: fica-se com uma certa nostalgia do que não vivemos e, por vezes, lamentamos a forma abrupta como o sonho cai. Algo que com António Reis nunca me aconteceu: vivi um sonho que continuou a dominar-me, ao ponto de me fazer ver de outro modo as gentes esculpidas nas serranias e de fazer com que procurasse, perdão tentasse ver o sonho, o onírico e o poético na mais banal pedra colada ao chão.