quarta-feira, dezembro 26

O vai e vem*

A cada regresso - e são tantos neste vai e vem louco entre o reino maravilhoso e a selva urbana - sinto-me como uma das personagens de Trás-os-montes: olhando a imensidão do espaço à minha frente, de costas voltadas para todos. Olho para um qualquer ponto perdido no horizonte, tão perdido como eu que, involuntariamente, junto-me à multidão de imbecis que contribui para o desaparecimento de costumes e tradições milenares. Em Trás-os-Montes olha-se com apreensão para a distância que acolheu os filhos da terra. Precisamente a mesma terra que vai chamando por mim, enchendo-me a alma e, acto contínuo, levando ao crescimento do vazio. Até ao regresso, sempre num vai e vem enlouquecedor.
Tal como em Trás-os-Montes, levanto-me e faço-me ao caminho sem destino. Como um nómada.
*uma posta lúcida e a modos que semi-confessional.