sexta-feira, janeiro 27

Match Point ?

Scarlett Johansson e Johnathan Rhys-Myers em Match Point

Devo confessar que, sem saber muito bem porquê, gostei do novo filme de Woody Allen. É certo que o mote do filme é um lugar comum: tudo depende da sorte, coisa que é expressa, desde logo, no plano inicial...

Mas o filme tem muito mais para além disso. Fico-me, apenas pela leve (e fundamental) referência ao clássico "Crime e Castigo" que Chris (maquinal Rhys-Meyers) lê logo no início do filme. Leve, porque apenas vemos a capa do livro e fundamental porque antecipa o complexo de culpa que Chris sentirá por ter assassinado a mulher que amava, Nola Rice (uma madura e deslumbrante Scarlett Johansson).

Para além deste momento marcante, Allen não deixa de traçar um retrato ácido e duro da vida em sociedade hodierna. Já não se vive nem se actua porque se gosta ou deseja algo. Apenas porque é conveniente.

Neste particular, é muito bem conseguida a narração do casamento vazio de Chris, metáfora dos difícieis amores que hoje andam por aí e consequência directa de uma Sociedade Egoísta e Egocêntrica. Só assim se explica e percebe a constante referência às ajudas do pai de Chloe para que Chris possa singrar profissionalmente.

De forma simples e despretensiosa, Woody Allen faz passar diante de nós espécimens de uma Sociedade que todos conhecemos, porque convivemos com ela. Trata-se, pois, de algo meritório, sobretudo porque é contado de uma forma simples e directa, apta a ser percebida por qualquer um.

É certo que não estamos perante o melhor dos filmes de Woody Allen, mas, definitivamente, é um dos melhores que realizou ultimamente. Em qualquer caso, um filme a ver. A comparar com o que por aí se vai estreando, "Match Point" é mesmo bom. Caso para dizer: "Game, Set and Match".

2 Comments:

Blogger Ricardo said...

O filme está a ser sobrevalorizado, mas é imprescindível.

10:53 da manhã  
Blogger Hugo said...

o Melinda e Melinda? Confesso que não sou nada fã...

E sim, não está ao nível dos anteriores, mas é o melhor Woody dos últimos tempos. Quanto ao resto: como esquecer a genial sátira que é Annie Hall? ou a beleza de Purple Rose of Cairo? ou Radio Days? ou Bullets over Boradway? ou Manhattan?... a obra fala por si.

Woody Allen, cineasta admirador confesso de Ingmar Bergman, senhor de uma ironia mordaz e dos poucos que é capaz de se ridicularizar a si próprio e à sua figura, sempre sem nunca cair no mau gosto, mas com obsessões (neuróticas e esquizóides por vezes) qb...

Confesso que não lido muito bem com o epíteto comédia que lançam ao Woody, do mesmo modo que não vejo muito bem onde está a comédia em "Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb" de Stanley Kubrick. Por trás do manto cómico, vai todo um Mundo bem mais amplo e profundo. Mas este é um problema meu, que ligo mal com classificações e tipologias...

Saudações cinéfilas!

10:58 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home