quinta-feira, janeiro 1

À guisa de balanço

Em sala, nada bateu a ante-estreia de Ne Touchez pas la hache, Mestre Rivette. No circuito comercial, La frontière de l'aube, de Garrel , Coeurs, de Resnais e The Darjeeling Limited, que teve o grão-condão de me fazer acordar para a vida e lançar-me à estrada: dois empregos novos. Um a nadar entre leis e decretos-lei como forma de ganhar a vida e outro a fazer (tentar) ensinar o Direito. Nunca se trabalhou tanto e, estranhamente, nunca se andou tão feliz por estas bandas.
Momento marcante: o concerto dos The National na Aula Maga, essa quase-catarse colectiva, a par da leitura da tradução em vernáculo de O homem sem qualidade, de Musil e das Histórias de Amor, de Robert Walser.
Revelação: os meus alunos.
Os fantasmas e assombrações continuam, da mesma forma que re-visitações a Ozu, César Monteiro, Bresson, Fassbinder e Straub-Huillet*. Pelo meio, continuarei a ter a Ana de Amsterdam, Miss Woody & Miss Allen, o Bibliotecário de Babel e a equipa do Corta-Fitas. Lendo-os, aprendo muito e lembro-me que há vida para além das letras impressas num qualquer écran. Nessa altrura, os inefáveis TMC, PRS, PRF e CSR, uma espécie de família adoptiva que me acolheu, estará por perto para me aturar. Tal como a minha bande à part.
* por ora, guardamos Glauber Rocha para os dias em que o frémito indómito de mudar o Mundo esmorecer. De qualquer modo, a caixa importada que mão amiga além-Atlântico trouxe já espera por mim.